Fui presenteado por uma matéria
publicada em um portal onde sou colaborador com meus artigos, em que relatava a
história de Moziah Bridges, um garoto norte-americano que com apenas 11 anos
estava faturando cerca de R$ 70 mil com a criação, produção e vendas de
gravatas borboletas através da internet.
Fiz uma rápida associação com minha
prematura carreira, quando aos 10 já ajudava meu saudoso pai em sua pequena
marcenaria. Não tardou muito e aos 14 anos, estava eu contratado como auxiliar
de escritório em uma corretora de seguros com registro na carteira de trabalho.
Não sei se Moziah, com seus
compromissos empresariais, está podendo aproveitar a infância, da mesma forma
que aproveitei. Eu pude iniciar cedo também, mas nem por isso perdi minha
infância. Empinei pipa, andei de carrinho de rolimã, arranquei a tampa do dedão
do pé jogando bola descalço, e muito, mas muito mais.
Começar a trabalhar com pouca idade,
e sem parar os estudos, não me transformou em uma pessoa rebelde, tampouco
revoltada. Pelo contrário, aprendi que a liberdade está totalmente vinculada à
responsabilidade, e aos 19 anos, meu pai me emancipou (em 1984 a maioridade
civil era aos 21 anos) para abrir minha primeira empresa e comprar minha
primeira casa.
Começar a trabalhar cedo, dá ao
jovem, excelentes contribuições e referências para a descoberta da vocação
profissional, aumentando a assertividade na difícil escolha da formação
acadêmica e trajetória de sua carreira.
O fato é que as notícias em nosso
país nos deixam, no mínimo, pensativos e indignados. Todos os dias somos
informados de crimes bárbaros causados por menores, inclusive “crianças” com 17
anos.
Com todo respeito ao ECA – Estatuto
da Criança e do Adolescente, aos psicólogos e sociólogos que vivem estudando o
comportamento do ser humano, aos juristas criadores de discutíveis leis,
acredito que já estamos atrasados demais para ficarmos só na reflexão sem
transformação.
Que se punam, rigorosamente, os
malfeitores e exploradores de crianças em carvoarias, em lavouras com o risco
de terem as mãos ceifadas e diversos métodos desumanos. No entanto, permitir
que o adolescente ingresse no mercado de trabalho mais cedo pode ser um grande
agente transformador, assim como há algumas décadas. Pelé, por exemplo, serviu
a seleção brasileira de futebol com apenas 16 anos.
As inúmeras manifestações na
Fundação CASA – Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente, revelam
claramente um modelo ineficaz, pois se um adolescente tem condições de formar e
liderar quadrilhas, arquitetar e executar planos estratégicos para a prática do
mal, por que não canalizar esse “talento” para a prática do bem social através
do trabalho honesto, legítimo e rentável?
Cabe ressaltar programas e
instituições bem intencionados como o menor aprendiz do Sistema “S” (Senai,
Sesc, Sesi), mas ainda é muito pouco para uma sociedade refém da defasada e
mascarada política educacional, onde o índice de analfabetos funcionais tem
crescido exponencialmente.
Entretanto, na contramão, centrais
sindicais tentam aprovar propostas de nova redução da jornada de trabalho para
36 horas com argumentos infundados e totalmente alheios aos malefícios que uma
mudança como esta trariam a nossa instável economia.
Basta de regras que só estimulam
tramóias como a do seguro desemprego em que muitos empregados, que não merecem
o tratamento de colaboradores ou profissionais, visam apenas permanecer nas
empresas o tempo necessário para provocarem uma demissão e dar entrada no tal
benefício para viver alguns meses às custas de quem trabalha com hombridade.
Imaginem se o seguro desemprego
fosse devido somente após o funcionário ter utilizado o FGTS (que já tinha essa
finalidade) proporcionalmente ao período equivalente entre o valor sacado e o
tempo desempregado (exemplo: salário R$ 1.000,00, valor do FGTS sacado R$
12.000,00, estabilidade 12 meses, início para saque do seguro desemprego no 13º
mês após a rescisão), e ainda atrelado à conclusão ou frequência de um curso
profissionalizante ou de aprimoramento.
Precisamos resgatar e fazer valer a
máxima “o trabalho dignifica o homem” e ocuparmos nossos jovens (e muitos
adultos) com a prática dos princípios de cidadania, responsabilidade e respeito
ao próximo. O caminho para essa transformação passa por uma urgente reforma nas
leis trabalhistas com espaço para livre negociação e para que os bons
profissionais de caráter possam ser justamente remunerados pela produtividade e
contribuição nos resultados das organizações.
Concluo parafraseando o brilhante
filósofo e professor Mario Sérgio Cortella: “Emprego é fonte de renda, trabalho
é fonte de vida”.
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